Famílias se despedem do abrigo Cepe e agradecem a acolhida

Os últimos dias têm sido de despedidas. Os acolhidos no abrigo Cepe Canoas puderam voltar para seus bairros. A grande maioria estava acolhida desde dia 4 de maio, quando o clube abriu suas portas para recebê-los em um momento tão difícil. Dona Ione Ribeiro, de Paula, 84 anos, e seu filho Gladistone, 44, foram em busca do seu recomeço nesta quinta-feira e consigo levaram, além de doações de roupas, alimentos, água, colchões, material de limpeza e higiene, o carinho da equipe Cepe e dos voluntários. “Nunca vamos esquecer tudo que foi feito por nós. Vamos voltar para nossa casa, o que tiver que ser, será”, diz dona Ione, que dos momentos vividos no clube carrega consigo as amizades, principalmente as que o filho fez. “Minha alegria é a alegria dele. Ele fez amizades, foi muito amado e cuidado, assim como todos nós”, conta a mãe do Tone, que regressa para o bairro Mathias Velho.

Assim, como eles, a vizinha Juliane Marques, 36 anos, também retoma a sua rotina fora do abrigo. “A gente morava ruas de distância na Mathias, mas só fomos nos conhecer aqui. Foi muito bom. Só temos a agradecer por tudo que o clube e os voluntários fizeram por nós. Serão sempre lembrados pela gente”, conta Juliane, que com o esposo Adriano do Santos Silveira, 35, e as filhas Adassa, 13, Melanie, 10 e Aila Merlie, 4, também deixaram o abrigo Cepe. Juliane busca uma nova oportunidade de trabalho e conta que a vida nova será em Esteio. “A casa onde estávamos era alugada, perdemos tudo, então decidimos morar em Esteio e começar vida nova lá. O Adriano, que é barbeiro e foi voluntário aqui – cortou mais de 200 cabelos de quem precisava no abrigo, conseguiu um espaço para a barbearia em Sapucaia, então vai ser assim nosso recomeço. ”

A família do montador Aléssio Gonçalo Neves, 35 anos, e da doméstica Artemisia de Araújo Sena, 22 anos, também tem a oportunidade de viver uma nova história. “Nada que eu diga será o suficiente para agradecer. Aqui fomos acolhidos e recebidos com afeto. Todos os dias fomos cuidados e amparados. Só podemos agradecer por tudo, sem vocês nem sei o que seria da gente”, salienta Artemisia. “Vamos voltar pra casa, eu, meu esposo e nossos filhos João Guilherme, Ana Beatriz e Antônio Neto” conta a doméstica que tem moradia no bairro Harmonia.

Ygor do Nascimento, 29 anos, também partiu com o desejo de recomeçar da melhor maneira possível. “Eu morava no bairro Fátima com minha avó, que infelizmente morreu, ela caiu do barco no salvamento e minha tia. Agora vou para Porto Alegre, tentar a vida.”  Ygor, que está desempregado, espera conseguir voltar para a faculdade de Administração e conseguir uma oportunidade de trabalho. “Sou só eu, por mim e espero conseguir algo. Aqui no Cepe fomos muito bem tratados, cuidados, respeitados. Tínhamos 4 refeições diárias, onde em muitos lugares sabemos que nem isso tinha. Eu só tenho a agradecer por tudo.”

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